A voz que calou o vento






Antes de tudo veio o silêncio.
Depois, a solidão.

Foi um tsunami de paz
e de guerra
que varreu
sem piedade
os meus últimos sentimentos
guardados,
roubados,
perdidos.

Um arrepio se abateu sobre meu corpo.
Minhas pernas foram arrancadas,
meus braços multilados
e pouco a pouco todos os meus sentidos
foram sendo destruídos.

Fiquei nu,
cego,
mudo.
A voz que calou o vento,
porém,
deu-me o dom da audição.


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