Apenas uma carta
O amor é de tal forma
tão misterioso,
tão rápido e inesperado,
ou tão lento e previsível,
contraditório em sua totalidade,
que merece uma carta.
Não sabemos quando ele chega,
muito menos quando vai.
Quando chega
não queremos que parta,
E quando parte...
Comecemos a carta.
Não sei de onde vem
esse ser de nome pequeno,
tampouco como ele se vai.
Não sei como ele se manifesta,
sei que acontece.
Algum lugar, algum dia de algum mês, de algum ano.
O amor por ser tão misterioso,
dar-nos a entender
que tem várias faces,
várias fases.
Iníquo e belo amor,
venho por meio desta
ou daquela, não sei.
Talvez já te tenha escrito,
em pensamentos, é verdade.
Somente sei, porém, o nome do destinatário.
Para onde envio esses
pensamentos?
Talvez a pergunta certa
seja aquela sem resposta,
seja aquela respondida
pelo próprio eco.
O silêncio pode ser moldado,
mas é constrangedor, admito.
Por isso me calo.
Silenciosamente,
Alguém.
Um livro
O livro era feio,
ficava meio escondido,
no canto da prateleira.
Ninguém o pegava para ler.
Talvez por seu aspecto,
pelo pouco de pó que se acumulava
sobre a capa,
ou o que restava de uma capa.
Um dia sem querer,
ao tentar pegar outro livro,
mais belo,
o homem derruba os dois
e eles se abrem.
O que era feio
torna-se majestoso de repente
depois que os olhos
caíram junto com suas linhas
em um chão com mais pó ainda.
No silêncio da noite
No silêncio da noite
o vento passa devagar
para não romper a calmaria,
e na sua passagem poder escutar
as palavras ditas com a alma,
sem ser pronunciadas,
faladas baixinhas
com um singelo olhar,
escritas pequenas
com letras invisíveis.
No silêncio da noite
o vento passa devagar
e testemunha o que ninguém viu.
O riso sem motivo,
o choro sem tristeza,
a distância sem medidas,
o segredo revelado
para a luz da lua
e a penumbra da noite.
Distância
Sua distância
Deixa-me perto do vazio
Cheio de angústias e sonhos,
Sonhos de uma realidade utópica
De enchentes de contradições,
De estiagens de amor.
Uma distância
Sem medidas
E medida todos os dias
Uma distância
Sem tamanho
E maior do que o próprio pensamento
Uma distância
Invisível, indescritível e indolor
Que de ver pude escrever
E de ler pude sentir.
O dia que não passava
Em um distante lugar
Vivia um homem normal
Que se contentava em observar
A repetição natural
Do tempo passar
Sempre todo igual.
Observava pela janela
A vida se repetir
Aquela coisa bela
Que muitos diziam ali
Mal sabia a cidadela
Que ele não conseguia dormir.
Não era uma doença
Ou um medo exagerado
Não era uma crença
Ou algo relacionado
Era apenas a presença
Do tempo parado.
E lá ele ficou
Até não poder mais
E num colapso observou
O que ficou pra trás
Que o tempo não parou
Ele que observou demais.
Mais...
Mais um dia esperando
O que sempre esperei
Mais um dia olhando
Para onde sempre olhei
Mais um dia passando
Como sempre passei
Mais um dia, mais dia
Ou uma a menos, não sei.
Mais um dia escrevendo
O que sempre escrevi
Mais um dia querendo
O que dantes vivi
Memória morrendo
De algo esqueci
Mais um dia, mais um dia
E ainda não aprendi.
Pensamientos
Dónde están mis pensamientos
Que un día llegaran sin aviso
Y hicieron de una simple reflexión
Un complejo sueño.
Dónde están estos pensamientos
Que dejaron mi confusa mente
En perfecta armonía
Y aclararon la oscuridad
Que un día reinó.
Dónde están estos pensamientos
Qué me dejaron así como llegaron,
Sin aviso.
Venha
Venha,
Como não se houvesse outro caminho
Como se sua caminhada ditasse sua vida
Como se o inatingível estivesse ao seu alcance
Como se o indelével tempo escapasse de suas mãos
Sem deixar rastros, marcas ou memórias.
Venha,
Não tema entrar no vale desconhecido
Este o deixará de ser.
Mesmo a passos curtos
O medo é essencial à vida
E principalmente á morte.
Venha,
Não perca tempo olhando as folhas no chão
Ou seguindo seu rumo junto ao vento
Faça sua própria brisa
Ao passar pelo caminho
E deixe as folhas te seguirem.
Minha tristeza
Perdido no ermo recinto dos meus olhos
está um pequeno grão de alegria.
Pequeno esse que um dia,
por azar ou ironia,
chegou a ser euforia,
mas agora, nostalgia.
A cada momento
uma lágrima corria
e com ela, o grão como seu guia.
Passeavam lentamente nessa agonia.
Eu e a solidão de companhia
conversávamos do que não sabia,
matando o tempo, eu morria.
Jardim do esquecimento
No jardim do esquecimento
Onde a luz contrasta com a sombra
O vento canta sem lamento,
Sem tormento,
Por um momento,
Voltou a ser vento
Levando a poeira que restava na alfombra.
No jardim do esquecimento
Não existe noite ou dia
O tempo não é sinônimo de lamento,
Nem de sofrimento,
Lá se vive o momento,
De um grande pensamento
Ou de uma grande utopia.
Não existe noite ou dia
O tempo não é sinônimo de lamento,
Nem de sofrimento,
Lá se vive o momento,
De um grande pensamento
Ou de uma grande utopia.
Sombra perdida
A paixão é algo que não me pertence
sua sombra nunca foi a minha. . .
Minha sombra, tampouco.
No vale da luz não a via,
no vale das sombras
eu me perdia,
em busca da minha,
que talvez um dia,
andava comigo,
mas não percebia.
A vida é uma estrada...
A vida é uma estrada
Onde não vemos um passo à frente
Onde ficamos olhando os rastros que ficam
Onde caminhamos mesmo sem ver esse caminho.
A vida é uma estrada
Curta, efêmera.
Algumas vezes bela
Outras nem tanto.
Passamos por cachoeiras de lágrimas
Por bosques de alegrias
Por curvas perigosas
Por vales tranquilos.
A vida é uma estrada
Onde às vezes caminhamos sozinhos
Outras compartilhando as belezas da caminhada.
A vida é uma estrada,
Caminhe.
Por quê?
Por que me olhas assim?
Com esse olhar que me devasta
Me tortura, me embriaga, me afoga
Faz-me perder os sentidos
E ao mesmo tempo sentir tudo
O que não se pode explicar
Em uma vertigem inefável.
Por que me olhas assim?
Como quem me devora
Me consome, limita minhas forças
E leva-me ao chão.
Por que me olhas assim?
Não sei, não sei...
Mas por favor, nunca feche os olhos.
O amor
O amor é como as nuvens
levadas pelo vento.
Observamos e,
não são raras as vezes que,
imaginamos formas,
desenhos... que sonhamos.
Simples e ao mesmo tempo
primoroso.
E assim é;
Mas, às vezes, nos esquecemos
que mesmo nas lindas nuvens
formam-se tempestades.
Lágrimas
Alameda
Nessa rua sombria
não sei se é noite ou dia.
Só sei que essa vida
a cada dia que passa
fica-me mais fria.
Nessa avenida olvidada
não consigo ver nada,
só escuto um pouco
muitas mentiras.
Não acredito em contos de fada.
Nessa viela da vida
não sei a saída
Continuo correndo,
talvez seja medo
de bala perdida.
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